Vintage. Uma palavra chique para caracterizar tudo o que é bonito e antigo. Eu não sou um dicionário, mas pelo que ouço, acho que acertei na definição. O importante deste conceito nem é a questão de ser algo bonito ou não, tem mais a ver com a definição de antigo. Um telemóvel topo de gama lançado em 2006 (há 10 anos), hoje, já é antigo.
Então e ler um jornal daqueles de papel, com tinta e com o seu próprio cheiro? Será um hábito VINTAGE?
Pode não ser, mas é um hábito tão nostálgico. Ler o jornal é uma experiência de sentidos. Sem contar com o paladar! Quer dizer, é capaz de existir alguém que goste de comer jornais, nunca se sabe e eu não julgo. Mas, voltando aos sentidos. Tenho um certo fascínio pelo tipo de papel e pelo cheiro que deita. O cheiro é uma nostalgia de infância, de quem tentava ler o máximo possível de um jornal, cheio de notícias frescas, com um “enorme” prazo de validade de 24 horas. E o toque? Aquela textura de papel porquito que deixava as mãos sujinhas é também muito nostálgico! Faz-me voltar aos tempos em que ouvia a minha mãe dizer: “O que andaste a fazer na cozinha? A mesa está PRETA!!!” E eu, sempre demasiado ingénuo, não percebia de onde vinha a sujidade.
Ler o jornal é um hábito que a internet transformou, mas um hábito que quero manter e que muito gosto me dá. Assim sendo, sou vintage porque leio o jornal. Sou daqueles dementes que não se contenta com a rapidez e com a superficialidade das notícias que aparecem e desaparecem dos sites que as divulgam.
Para quem escreve, a internet é uma imensidão de folhas brancas que todos podem ler. E eu, sonhador que sou, espero um dia ter (pelo menos) um jornal sujo com palavras que eu próprio juntei. Enquanto esse dia não chega, fico a escrever aqui, feliz da vida, neste mar de palavras e textos sem cheiro.
Nota final:
Vou ser muito pragmático. Todas as minhas referências sobre notícias e jornais têm um predicado comum: A’Bola. Nem sei se se escreve assim, mas acho que todos sabem o que é. E, sem ser obsessivo, é a única página nos favoritos do meu smartphone e a única que consulto diariamente, mais do que uma vez. Gosto de futebol (e de desporto também, mas o futebol domina o mundo) e gosto de estar atualizado. Mas, sinceramente, gostava de não estar tão atualizado, gostava de comprar mais vezes o jornal.
Nada se compara como ler as noticias num jornal,tanto que eu, na net, se o texto tem mais que 10 linhas já não o consigo ler. Para além do cheiro do jornal e do toque do papel, a técnica de virar as págionas e dobrar o jornal também dá uma grande satisfação, sobretudo naqueles grandes lençois em que a noticia a determinada altura acabava “nas páginas lá do fundo”.
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Vintage, não só é antigo mas também é bom, estou a lembrar-me do vinho do porto com a mesma marca.
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